A Neurociência das férias

Siga o TUDO SOBRE CONTROLE NEURAL no facebookno instagram e no twitter

Por Laiali Chaar

instagramImagem de ressonância magnética funcional das áreas cerebrais ativadas durante tarefas no trabalho (em azul e verde) e durante o descanso (em laranja e amarelo). Fonte da imagem: Adaptada de Raichle ME, 2015.

          Mês de julho, mês de férias, praia, montanha, sítio ou muitas horas de sono na cidade mesmo. Mas, o que acontece com nosso cérebro durante as férias? Os neurocientistas estão começaram a estudar a importância das férias para o nosso cérebro e descobriram que a atividade cerebral se reorganiza completamente durante este período.

    Podemos pensar que durante o descanso nosso cérebro fica sem atividade. Mas não é isso que acontece. A invenção de exames como o eletroencefalograma e a ressonância magnética funcional, mostraram uma realidade diferente: muitas áreas do cérebro são ativadas durante o descanso e durante as férias . Diversas pesquisas científicas revelaram que as áreas ativadas no cérebro quando estamos descansando são diferentes das áreas ativadas quando estamos trabalhando.

       Quando neurônios específicos são ativados dizemos que eles formam uma rede. Essas pesquisas descobriram que nosso cérebro tem duas redes principais: uma rede de tarefas positivas, também chamada de rede de controle executivo, que é ativada quando realizamos e focamos em uma tarefa. E uma rede de neurônios chamada de rede de processamento padrão ou rede de tarefas negativas, que é ativada quando deixamos a nossa mente descansar em um fim de semana ou durante as férias ou quando estamos sonhando enquanto dormimos. Essas duas redes estão na figura acima: em azul e verde está representada a rede de tarefas positivas e em laranja e amarelo está representada a rede de tarefas negativas. Quando uma destas redes é ativa a outra está desligada.

As duas redes são importantes para nossa vida e nos permitiram grandes descobertas. A rede de  tarefas negativas é a que nos permite fazer conexões entre ideias soltas e é responsável pelos nossos momentos de genialidade. Graças a ela resolvemos os nossos problemas mais complicados através de boas ideias.

     O nosso hipocampo, área importante da memória mantem uma lista atualizada de problemas como uma agenda. Quanto mais ativo o hipocampo, mais ativa outra região, o locus coeruleus, “lugar azul” do cérebro que, ao contrário do que o nome fofinho parece, é responsável por nos deixar acordados, estressados, prontos para a ação e preocupados com nossos problemas. Nas férias o hipocampo e o locus coeruleus são menos ativados, porque as únicas preocupações são que lugar visitar ou o que comer.

Há pelo menos 9 boas razões comprovadas pela Neurociência para tirar férias:

  • Aumentar a felicidade (graças a famosa dopamina que é liberada)
  • Aumentar a criatividade: ideias novas são importantes
  • Tomar melhores decisões
  • Aliviar o estresse: O estresse libera cortisol e adrenalina que alteram nossa resposta imune e a atividade cerebral
  • O contato com a natureza ajuda no relaxamento e deixa a mente sadia
  • O silêncio ajuda a ativar a rede de processamento padrão, diminui o estresse e favorece a neurogênese
  • Conhecer uma nova cultura ou uma realidade diferente da sua ajuda a ter um pensamento mais flexível
  • Aumentar a concentração na volta ao trabalho
  • Aumentar a produtividade na volta ao trabalho

 

       Mais detalhes de cada um desses itens serão assunto das próximas postagens do TUDO SOBRE CONTROLE. Agora você já sabe que a importância das férias foi até comprovada pela Neurociência. E se não der para tirar férias você pode transformar cada fim de semana em miniférias. Não é tão difícil quanto parece. Experimente começar desligando o computador e deixando os e-mails para segunda-feira. Seu cérebro agradece!

Para saber mais:

Dijksterhuis, A. et. Al. (2006) On making the right choice: the deliberation-without-attention effect. Science; 311(5763):1005-1007.

Fox MD, Snyder AZ, Vincent JL, Corbetta M, Van Essen DC, Raichle ME. The human brain is intrinsically organized into dynamic, anticorrelated functional networks. Proc Natl Acad Sci U S A. 102(27):9673-8, 2005.

Immordino, M. H. et. Al. (2012) Rest Is Not Idleness. Implications of the Brain’s Default Mode for Human Development and Education. Perspectives on Psychological Science; 7(4): 352-364.

Leung, A. K. et. Al. (2008) Multicultural experience enhances creativity: the when and how. The American Psychologist; 63(3): 169-181. 

Nawijn, J. et Al. (2010) Vacationers Happier, but Most not Happier After a Holiday. Applied Research in Quality of Life; 5(1): 35-47. 

Raichle ME. The brain’s default mode network. Annu Rev Neurosci. 38:433-47, 2015.

 

 

 

 

 

 

 

Publicidade

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s